sábado, 31 de março de 2012

ENTREVISTA COM O ESCRITOR CAÊ GUIMARÃES

Caê Guimarães nasceu no Rio de Janeiro em 1970. É jornalista, escritor e poeta. Publicou “Por Baixo da Pele Fria” (poesia/Massao Ohno Editor/1997), “Entalhe Final” (conto/Massao Ohno Editor/1999), “Quando o Dia Nasce Sujo” (poesia/SECULT, 2006) e De Quando Minha Rua Tinha Borboletas (crônica/SECULT, 2010). É colaborador do suplemento cultural Pensar, do jornal A Gazeta, onde publica crônicas quinzenais e comentários sobre livros. Desde 2009, vem flertando com a interface entre poesia, audiovisual e música eletrônica e apresentou trabalhos com esse formato na França e na Espanha e está sendo traduzido para o catalão e o francês. Confira, abaixo, a entrevista com o escritor:

1 – Olá, Caê. Primeiramente, como surgiram as artes em sua vida? Sua paixão foi diretamente pela escrita ou outros meios artísticos como a música e o cinema também a influenciaram?

Resposta: Difícil precisar quando as artes surgiram na minha vida. Mais fácil lembrar a primeira metáfora. Meu pai me ensinou a nadar nas águas frias da Praia da Costa. Meu avô nasceu na ilha de Paquetá e nadava muito bem, então ensinar o filho a nadar é uma herança paterna da minha família. A sensação que a água do mar gelada me causava era transferida para o chuveiro no quintal de casa. Ao fechar os olhos, me via em um naufrágio, afundando nas profundezas do oceano junto a destroços. Penso que até hoje o que faço é tentar traduzir o assombro que esse naufrágio ainda me causa. Essa foi minha primeira metáfora, obviamente identificada depois de adulto. Mas na adolescência comecei a me interessar por música e cinema. A literatura sempre esteve presente, por influência da minha avó materna, Carmem, uma argentina que lia muito e me apresentou o universo dos livros.

2 – Quem foram suas grandes influências? Teve algum texto em particular que te fez ter querer ser escritor?

Resposta: Os autores com quem dialogo, ou tento são, na poesia brasileira, Mário Faustino, João Cabral de Mello Neto, Ferreira Gullar, Murilo Mendes, Leminsk, Hilda Hilst e Sérgio Blank. Dos gringos, os russos Maiakovski, Klebnikov e Kamienski, os franceses Mallarmé, Jacques Prevet e Rimbaud e na língua inglesa, Yeats, William Carlos Williams, Hauden, Ginsberg, Ferlinghetti, Corso, uma lista bastante eclética. Na prosa, dos nossos vou de Raduan Nassar, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarisse. E da prosa internacional, digamos assim, Henry Miller, Dostoievski, Gunter Grass, Dante e Anthony Burguess. Mas listas são complicadas, ainda mais quando falamos dos afetos, aquilo que nos afeta. Aí, uma pá de gente fica do lado de fora. Mas esses são os escritores que contribuíram para que eu me compusesse, se não como autor, como homem.

3 – Você nasceu no Rio de Janeiro foi criado no Espírito Santo, mas também viveu por cinco anos entre Ouro Preto e Belo Horizonte. Porque dessas mudanças constantes? Você se acha um ser irrequieto? Quais as grandes diferenças – principalmente artísticas – entre Rio, Minas e ES?

Resposta: Também vivi dois anos em Aracruz. As mudanças foram motivadas por propostas profissionais, mas é claro que a inquietação provocou e incentivou esse nomadismo. A gente vive várias vidas em uma, e caminhar em linha reta nunca foi minha praia, tenho uma dose suave de labirintite que me faz andar em zig-zag, o que é bom para observar melhor as nuances do caminho. Sobre as diferenças entre estes estados, o que determina é, por um lado, a tradição da população em consumir arte e cultura. Das três, o Rio, ex-capital do império e da república, é a única que amalgama realmente isso. Os belorizontinos consomem muito a arte e a cultura produzidas em Minas. Isso implica em público, recursos, incentivos, circuitos. No Espírito Santo, vivemos uma aridez que parece infinda, não em termos de artistas e produtores, porque em todas as áreas há gente de grande talento aqui, e que sobrevive com heroísmo. Mas no que diz respeito ao mercado, ao consumo, aos espaços, aos circuitos, ainda estamos no período neolítico. E olha que se compararmos com o que havia há 20 anos, o salto foi imenso.

4 – Por ter visto, de perto, outras produções artísticas, você talvez tenha até mais facilidade em analisar. O que falta para termos um nicho artístico genuinamente capixaba? Por que parecemos sempre ter tanta influência dos nossos estados vizinhos?

Resposta: Sempre me pergunto sobre o que seria uma arte genuinamente capixaba. A arte é universal. Você pode ter uma tomada, uma mirada regionalista, como Adilson Vilaça fez tão bem em “Cotaxé”. Mas, ainda assim, trata-se de uma obra universal, a história narrada em “Cotaxé” poderia ter acontecido entre beduínos do Saara ou mongóis das estepes. Genuinamente capixaba são a panela de barro e a forma com que o congo é tocado aqui. E isso é cultura, não produção artística. A influência dos vizinhos, acredito, vem do hibridismo daqui, até os anos 60 a população era pequena, este é um estado de migrantes. O Espírito Santo viveu cerca de 300 anos estagnado, à sombra de tudo, com o intuito da Coroa Imperial fortificar as Minas Gerais. Historicamente, paga-se um preço por tudo e acho que esse é um dos preços que pagamos. A tal influência, que poderia até ser avaliada como falta de uma cara própria, o famoso sotaque que não temos, vem daí, possivelmente.

5 - Esse estilo, digamos, mais “provinciano” do nosso estado ajuda ou atrapalha no surgimento de novos artistas?

Resposta: Não é o estilo que é provinciano. Nós é que somos uma província, no sentido de estarmos na periferia dos acontecimentos artísticos. Mas acho que isso não interfere no surgimento de novos artistas. Atrapalha, isto sim, na permanência desses artistas como artistas. O tempo vem e se esse artista não encontra mercado, consumidores e interlocutores, ele acaba se inserindo no mercado de trabalho em outras atividades e a arte se torna um hobby, algo secundário, esporádico. E isso é lamentável.

6 – Você é autor de livros de contos e de poesias. Quais as grandes diferenças entre ambas? A junção poesia-conto num mesmo trabalho tem sido bastante recorrente ultimamente. O que você acha de tal estilo?

Resposta: E estou escrevendo meu primeiro romance. São universos, abordagens e possibilidades complementares, mas distintas. A diferença, no ato de produzir, seja poesia, prosa curta ou longa, é bastante grande. Debruçar-se sobre uma estrutura narrativa, construir personagens, diálogos, é um processo muito distinto de fazer poesias, onde tiro do abstrato e da minha realidade as substâncias que, como a água, se moldam a qualquer recipiente e infiltram por paredes de qualquer espessura. Estar atento ao logos implícito nisso, à sonoridade das palavras, e às imagens que elas traduzem ou representam é o ponto de interseção, onde prosa e poesia podem voltam a se encontrar, porque a prosa, ao menos a que tento fazer, é bastante poética. Essa junção poesia-conto, o que entendo pela pergunta como poesia inserida na narrativa da prosa, não me agrada. Mas a prosa poética, essa sim me interessa.


"Por baixo da pele fria" (1997): "Há no livro uma urgência grande, própria de um autor jovem, cheio de som e fúria"

7 – Aliás, falando em seus livros... Você é autor de "Por baixo da pele fria"; "Entalhe Final"; "Quando o dia nasce sujo"; e "De quando minha rua tinha borboletas". Gostaria que você nos falasse um pouco acerca destes livros.

Resposta: “Por baixo da pele fria” foi lançado em 1997 e é uma coletânea de poemas escritos no período de 1989 a 1996. Há no livro uma urgência grande, própria de um autor jovem, cheio de som e fúria (ambos ainda estão aqui, rs). Apesar de haver uma desigualdade, de ser uma mostra talvez heterogênea demais, me orgulho muito dele. “Entalhe final”, um híbrido entre o conto e a novela começou a ser escrito em 1993. Mas só foi terminado quando me mudei para Ouro Preto em 1998. É a história de um escultor e sua relação com uma estátua recém-terminada. Ambos foram editados pelo meu saudoso amigo e editor Massao Ohno. “Quando o dia nasce sujo” foi lançado em 2006, é um livro de poesia onde busquei um sotaque cabralino, seco, duro. E há nele uma unidade temática, o livro começa por um poema intitulado Anoitece e termina com outro intitulado Amanhece, ou seja, é um longo mergulho em uma noite de insônia. E o “De quando minha rua tinha borboletas” é uma coletânea de crônicas publicadas no Caderno Dois, de A Gazeta, no período de 2007 a 2010.

8 – Você elaborou um projeto chamado "eletropoemas" que é um trabalho de interface da poesia com a música e as artes plásticas. Gostaria que você nos falasse mais a respeito. Quando pensou no projeto já tinha em mente com quem você faria as parcerias? Será que passear pelos mundos da música e artes plásticas podem lhe fazer aflorar um novo talento?

Resposta: “Eletropoemas” é um termo cunhado pelo músico Alexandre Lima. Com o passar dos anos, comecei a me interessar por outras possibilidades de expressão e por outras formas de mostrar minha produção poética. Em quando fui convidado para participar do Espírito Mundo – conjunto de festivais de arte e cultura brasileira na Europa – vi a possibilidade de começar a fazer isso. Chamei o músico Leo Grijó, capixaba radicado em São Paulo, e o artista gráfico Marco Vianna, e fizemos painéis com meus poemas traduzidos para o francês. Os mesmos poemas foram gravados em português e francês e o Leo fez a ambientação sonora que dialoga com as estruturas fonéticas, morfológicas e semânticas dos poemas. Em 2011, experimentei outro formato, que foi o vídeo, em parceria com o Xuxinha, do Estúdio na Mosca, e o Phillipe Grilo, diretor da Bossa Brasil. Fizemos o vídeo-poema “VOZ”, que teve uma repercussão legal nas redes sociais e foi apresentado no festival Cine Rua 7. No mesmo ano, na França, começamos uma parceria com o Joe Zee, grupo de música eletrônica, e a coisa segue andando. Novidade há de pintar por aí. Sobre aflorar novo talento, não creio. Não tenho a pretensão de ser músico em nem artista plástico (se pudesse escolher essa última seria minha ferramenta). Mas serviu para descobrir que tenho uma voz boa para ler poemas.

9 – A internet tem se tornado importante ferramenta para a divulgação e crítica da arte. Fale-nos sobre seu site www.caeguimaraes.com.br. O que podemos encontrar nele?

Resposta: O site está desativado, na verdade, vou reconstruí-lo para abrigar essa gama de suportes que foi bastante ampliado com os eletropoemas. Quero me dedicar mais a ele. Mas posto muitas coisas no facebook, que acabou se tornando uma ferramenta para partilhar com as pessoas as coisas mais urgentes, a primeira versão de coisas sobre as quais me debruço depois do esforço intelectual. O tal silêncio que vem depois do jorro.

10 – Aliás, recentemente abrimos espaço para os colegas autores capixabas em nosso blog. Você acha que este é o novo caminho para quem está começando?

Resposta: É uma possibilidade de caminho para todos, iniciantes, veteranos, semi-novos ou usados, categoria na qual me incluo, rsrs. Mas duas coisas me instigam a curiosidade. 1: o surgimento de mais vozes femininas na prosa e na poesia produzidas aqui. Acho muito interessante essa ocupação pelo universo feminino. Temos escritoras e poetas excelentes que vivem e produzem no Espírito Santo. Mas parece que elas estão surgindo, com a mesma qualidade, mas em quantidade maior. 2: a rede como instrumento de experimentação mas também de auto-expiação. Explico. De um lado abre-se a possibilidade de múltiplas vozes dialogarem, o que é por si só sensacional. Por outro lado, tenho visto muitas tentativas de algo que parece uma prosa poética, muitas vezes bem escrita, mas que tende a cair num solipsismo, a ir de lugar nenhum a lugar nem outro. Daí você lê e fica sem saber se aquilo é o começo de uma estrutura narrativa, uma tentativa de poema ou uma mirada no próprio umbigo. Mas, a despeito disso, o que vale é saber que tem muita gente boa surgindo, gente que já começa sendo do ramo. Como disse certa vez, o já citado Massao Ohno, ex-digito gigas: Pelo dedo (se conhece) o gigante.

11 – Falando em iniciantes... Como colunista do Caderno Pensar, de A Gazeta, você deve ter conhecimento de vários artistas que visam despontar para o sucesso. Como você tem visto o cenário cultural capixaba? É promissor? Está estagnado?

Resposta: Posso falar da minha praia, né? Na música, no cinema, teatro e artes plásticas sou um expectador. Acho que respondi essa pergunta nas outras acima, tem muita gente boa chegando com propostas sólidas, maduras. Tem muita gente experimentando, e experimentar é preciso. Mas, o que passa e o que fica, só o tempo pode dizer. No caso da literatura, que de todas essas manifestações talvez seja uma das que menos flerta com o universo pop, com a pressa desse universo, só posso dizer aos autores mais jovens do que eu: não tenham pressa. Tenham, sim, sempre, urgência. Ambas são bem distintas.

12 – Atualmente temos passado por uma febre de livros de vampiros e de autoajuda em detrimento a livros de poesia, crônicas e romances. O que você acha disso? Você acredita que o simples fato de estar lendo já é um ponto positivo para a nossa população?

Resposta: Questões de mercado. Após o 11 de setembro vivemos uma enxurrada de livros referentes ao oriente médio. A pipa de Cabul, o médico de Cabul, a menininha abandonada de Cabul, o gigolô de Cabul. Depois, com os Jogos Olímpicos de Pequim, uma enxurrada de livros sobre a China. O bailarino de Mao, a ciclista de Mao, a costureira de Mao, e por aí afora. O mercado dita, as pessoas consomem. A leva do tema vampiros, lobisomens, bruxos adolescentes, me faz pensar que as pessoas realmente estão precisando algo sagrado, que as religue ao divino, ao assombro. O tal religare, de onde vem a palavra religião. Pode ser a porta de entrada para o universo do livro, esse papo é velho. Sobre a auto-ajuda, não tenho substrato para comentar o efeito desse material na cabeça de quem lê. Mas para o mercado é ruim, uma competição desigual. Na boa, precisa de auto-ajuda? Leia Dostoievski. Leia Drummond. Tudo sobre a alma humana está lá.

13 – Quais são seus projetos para 2012? O que podemos ter de novo de Caê Guimarães para este ano?

Resposta: Terminar o “Encontro você no oitavo round”, meu primeiro romance. Entrar em estúdio para gravar novos eletropoemas e lançar o novo livro de poesia, já pronto. Parte desse livro entrará na coletânea “Fragment de ningú i d’altres”, coletânea de minhas poesias que está sendo traduzido para o catalão.

JOSÉ ROBERTO SANTOS NEVES LANÇA O LIVRO "ROCKRISE", QUE VERSA SOBRE O ROCK CAPIXABA DOS ANOS 50 ATÉ 1995

O jornalista e escritor José Roberto Santos Neves lança o livro “Rockrise – A história de uma geração que fez barulho no Espírito Santo”, na Estação Porto, no dia 19 de abril. Editor do Caderno Pensar de A Gazeta, José Roberto mergulhou em uma ampla pesquisa para contar a história do rock autoral produzido na Grande Vitória entre as décadas de 60 e 90 do século passado. Bandas conhecidas de várias gerações de jovens capixabas, como Os Mamíferos e Lordose pra Leão, terão histórias de bastidores contadas no livro, que foi composto com mais de 70 entrevistas. O nome Rockrise é uma homenagem à música homônima da banda Thor, primeira gravaç ão de heavy metal feita no Espírito Santo, em 1986.

Confira, abaixo, uma entrevista do autor para o programa Santo de Casa, da Rádio Cidade (97,7 FM):

JIMMY CLIFF 64 ANOS

Jimmy Cliff (Saint Catherine, 1 de abril de 1948) é um músico jamaicano de reggae e hoje completa 64 anos. É o menos compreendido de todos os grandes mestres do reggae, tendo sido acusado de abandonar as origens rastas, porém é respeitado por ter sido o primeiro a abrir as portas do sucesso ao reggae na Europa e no resto do mundo.

A sua religião lhes causou muitos problemas na Jamaica com os rastas. Num incidente estranho, em um grande show com os Wailers em Kingston nos finais de 1975, rastas radicais, indignados com sua dedicação ao islamismo, chegaram a cuspir em sua cara. Este foi um dos motivos que o fez mudar-se para a Inglaterra.

Seu ingresso no mundo da música revela um dado curioso: Leslie Kong, proprietário de uma loja de discos, fez sucesso como produtor investindo exatamente no garoto Jimmy. Mais tarde, o mesmo Kong teria o privilégio de encaminhar Bob Marley para a sua primeira gravação. Cliff alcançou notoriedade fora da ilha por sua participação no filme "The Harder They Come", produzido pela gravadora Island e protagonizado por ele e seus compatriotas Desmond Dekker, Maytals e Melodians (os dois últimos, grupos vocais que, assim como o muçulmano Cliff, faziam uma celebração da vida mais suave e menos politizada que os Wailers).

Retratando o cotidiano dos adolescentes pobres de Trench Town, os rude boys, o filme foi mais uma arma da Island para difundir o reggae pelo mundo. Tal investimento nem seria necessário: o reggae conquistaria a ilha colonizadora mais cedo ou mais tarde.

Para Cliff, a oportunidade não poderia ter sido melhor. Apesar do fracasso comercial, o filme fez muito mais por seu marketing pessoal que a outra arma da Island: uma visita quase que anônima ao Brasil ainda em 1969 para participar do Festival Internacional da Canção (FIC).

Em 1980 excursionando com Gilberto Gil, lotou todos os auditórios onde pisou. Quatro anos depois ele repetiu a façanha sozinho, indo do ginásio do Corinthians, em São Paulo, ao programa do Chacrinha. Em 1990 Cliff participou do primeiro CD do Cidade Negra, na música Mensagem, feita por Ras Bernardo. Em 1991 gravou na Bahia, em Salvador, o CD Breakout, lançado em 1992. O disco contou com as participações de Olodum na música Samba Reggae e Araketu nas músicas Breakout e War a Africa. Em 1993 ele regravou “I Can See Clearly Now”, de Johnny Nash, para a trilha do filme Jamaica Abaixo de Zero. Em 1997 ele esteve também no acústico dos Titãs cantando “The Harder They Come”, recriada numa versão em português, “Querem Meu Sangue”.

Em 1999 Jimmy participou do CD do grupo Olodum. Dos artistas de reggae, Jimmy é o mais (talvez o único) influenciado pela MPB. Várias de suas canções revelam esta identidade. Músicas como “Sittin’ In Limbo”, “Rebel In Me”, “Wonderful World, Beautiful People”, foram compostas aqui mesmo em suas vindas ao Brasil. Ainda que a familiaridade com o Brasil seja grande o bastante para promover esta interação, Cliff sempre esteve à vontade para cruzar o reggae com outros gêneros.

sexta-feira, 30 de março de 2012

"LICENÇA CRÔNICA": SANDRO BAHIENSE


Sandro Bahiense é professor, bibliotecário e amante das coisas que envolvam escrita. Lançou em 2008, em parceria de Ricardo Salvalaio e de mais 7 colegas poetas, a coletânia de poesias "8 Vezes Poeta", trabalho em que pôde expor um pouco de seus sentimentos e arte. Ficou conhecido entre os colegas da UFES por fazer uma crônica para cada um deles. Além de crônica e poesia, Sandro também escreve artigos de opinião, contos e máximas. Tais trabalhos podem ser vistos em seu próprio blog cujo endereço é http://sandrobahiense.blogspot.com/. Sandro trabalha também, claro, neste blog como um dos colunistas. Confira, abaixo, a crônica intitulada "O Papa não é pop”:

O PAPA NÃO É POP

O Papa em Cuba. Estamos em dois mil e doze e ainda – apesar de em menor escala e em clara descendência – sob domínio financeiro, bélico e diria até moral dos Estados Unidos da América. Brasil, Japão, Alemanha, Botswana... Todos sob o domínio ianque. Mas o Papa, neste mundo dominado pelo país de Tio Sam, reza, desculpe o trocadilho, como o único não dominado e não “dominável” pelos americanos.

O Papa não abre mercado, não sucumbe às pressões e continua governando conforme seus ideais, trabalhando em prol de seu povo e não para um pequeno grupo rico que depende do que vem de fora. Em contragolpe os Estados Unidos, vis que são, traçam uma péssima imagem do Papa. O fazem como vilão, às vezes carrasco, líder de um grupo decadente e fadado ao fracasso e pobreza e que deveria ter abraçado ao milagroso capitalismo americano há muito tempo.

A imagem que aparece é de uma sociedade atrasada e de um povo desesperado por fugir e que o Papa, retrógado, governa com mãos e cabeça de ferro, com uma política de trocentos anos atrás. Estratégias essas que atrasam seu povo, não lhe dão saúde, nem educação e nem dinheiro. Os americanos só esquecem-se de falar que isso ocorre porque eles são os grandes incentivadores de uma política restritiva que não permite que nenhum outro país tenha relação comercial com a terra do Papa e que o pontífice, então, tem de fazer das tripas coração para manter seu país bem dentro de suas perspectivas. Diria que é até um milagre (o Papa estaria mais perto de Deus né, então seria possível), mas os Estados Unidos em contraponto não são o diabo (apesar da alegoria até me ser tentadora).

E o que os Estados Unidos são? São pops oras. E o Papa? Ao contrário do que disse Humberto Gessinger, o Papa não é pop! Pelo menos não esse. O Papa em Cuba. Esqueci que o Papa não está mais governando. Do Papa agora só resta o exemplo de espirito de luta, garra, e gana de lutar. Não, não falo de Hetzinger. Falo de Fidel, o último Papa.

"LICENÇA PARA CONTAR": ANDRA VALLADARES


Andra Valladares reside na cidade de Vila Velha/ES, exerce a profissão de advogada e atua no cenário cultural como cantora/compositora e poeta/escritora. Publicou poemas e textos em aproximadamente 30 antologias literárias. Em janeiro desse ano, lançou o CD "Andra Valladares", seu primeiro trabalho musical autoral. O miniconto “A ÚLTIMA CEIA” foi publicado no “Livro de Ouro do Conto Brasileiro” (2009), organizado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores (Br Letras). Confira:

A ÚLTIMA CEIA

Elegante e ereto, sentou-se à mesa. Degustou trufas negras com foie gras acompanhados do melhor champanhe francês. Na sobremesa, economia: uma bala apenas.

"LICENÇA POÉTICA": MARCOS BUBACH


Marcos Bubach é natural de Vitória - ES. Escreve poemas, sonetos clássicos, cordéis, contos. Terá seu primeiro livro "OUTROS DE MIM" publicado em 2012. Confira, abaixo, o poema “Bastarda”:


BASTARDA

Querida

Repudiada

Vestida como prostituta.

Paladar viciante e ainda o gosto de fumaça

Em seu hálito ditador.

Vagueia alienada, despreocupada, desejada,

Copo sempre cheio de mentiras

Corpo sempre farto de subornos.

Sabe de seu peso no martelo do decreto.


Vira seu rosto aos que a chamam,

Vadia sem pai, sem mãe, sem endereço certo.

Tão venerada e necessitada

Vende-se fácil por qualquer trocado

Põem-se de pé soberana ao necessitado

Subornada com mediocridades

Coage-se atrás das vendas para não ver sua desonra


Seus pés de bronze reflete a lágrima

Que corre impune até a balança da honestidade

Que pende sempre para o lado mais forte.

Há apenas um lado,

O mais forte.


E todos ainda a clamam incessantemente

- Justiça !!!

Justiça !!!

“Prostituta vestida de ilusões”.

O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS


O Guia do Mochileiro das Galáxias (The Hichhiker’s Guide to the Galaxy) é uma série de ficção cientifica escrita por Douglas Adams e composta por uma trilogia de quatro livros que, na verdade, são cinco e viraram seis. Confuso, não é? Os livros foram baseados em um seriado de rádio, transmitida originalmente pela BBC em 1978. Há ainda uma série de TV, que foi dividida em 6 episódios, pela mesma emissora, um jogo para computador e um filme do primeiro livro em 2005, tendo como diretor Garth Jennings.
Para não estragar a história e atiçar a curiosidade de nossos leitores, faremos breve análise da trilogia de quatro livros que na verdade são cinco e viraram seis:
Livro 1 - O Guia do Mochileiro das Galáxias (The Hitchhiker's Guide to the Galaxy)
O primeiro livro, que também dá o nome a série, traz na capa a frase: “Não entre em pânico”, frase esta que o imaginário livro interplanetário de mesmo nome traz na capa dentro da história.
Quase não escapando da destruição da Terra, a qual foi demolida para a construção de uma auto-estrada galáctica (o mesmo aconteceria com a casa de nosso personagem principal, para a construção de uma autovia), Arthur Dent (Terráqueo inútil) e Ford Perfect (Escritor para o guia) embarcam em uma louca aventura através do tempo e do espaço. Enfrentando diversos perigos (como terem sido torturados escutando poesia ruim) e escapando da morte a cada final de capitulo, eles reúnem forças com Zaphod Beeblebrox (um alienígena de duas cabeças arrogante), Trillian (outro terráqueo inútil) e Marvin (o robô depressivo) para procurar a resposta para o sentido da vida, o qual pode ter sido escondido na recém demolida Terra.
Livro 2 - O Restaurante no Fim do Universo (The Restaurant at the End of the Universe)
Mais aventuras são apresentadas com o elenco maravilhoso de personagens já citados. Com a nave roubada “o coração de ouro” (a primeira nave a aplicar com sucesso o gerador de improbabilidade infinita), Arthur e os outros buscam o “Homem que Governa o Universo” e a resposta ao sentido da vida, a qual é, aliás, “42”.
Livro 3 - A Vida, o Universo e Tudo Mais (Life, the Universe and Everything)
Os infelizes habitantes do planeta Krikkit estão fartos de olhar para o céu, toda noite, e ver a mesma coisa e decidem mudar isso destruindo o céu noturno. Em outras palavras, eles pretendem destruir a Galáxia! Apenas cinco indivíduos estão entre os robôs brancos assassinos de Krikkit e seu objetivo, e adivinha quem são esses cinco? Arthur Dent, o segundo humano sobrevivente a destruição da Terra, o qual insiste em aprender a voar se atirando ao chão, Ford Perfect, de Beteljuice 5, o melhor amigo de Arthur, escritor do guia, o qual decide ficar louco para ver se lhe agrada, Slartibartfast, vice presidente da campanha pelo tempo real, o qual navega em sua nave de comportamento irracional, Zaphod Beeblebrox, o ex presidente da universo, com três braços e duas cabeças e Trillian, o caroneiro sexy e terráqueo.


Livro 4 - Até mais, e Obrigado pelos Peixes! (So Long, and Thanks For All the Fish)
Neste livro, Arthur volta a viver na Terra e se apaixona por uma garota, a qual sabe a resposta para a vida, o universo e tudo o mais, mas ele não se lembra dela...
Este livro é um divisor de críticas, alguns críticos acham este o mais engraçado da série, enquanto outros o consideram o pior. A única unanimidade é que ele se torna mais facilmente compreendido se lido após o livro 5 – “Praticamente Inofensiva”.
Livro 5 - Praticamente Inofensiva (Mostly Harmless)
A obra traz de volta Arthur Dent. Encalhado em um planeta primitivo, Arthur se adapta bem a sua atual situação e se transforma num “fazedor de sanduíche” de sucesso. Tudo vai bem até que Random aparece e diz que Arthur é seu pai.
Arthur tenta cumprir o papel de pai, mas Random, uma adolescente irritadiça e com crise de identidade. Neste meio tempo Ford Perfect rouba a nova edição do guia e o manda a Arthur para que este o guarde a salvo, mas Random descobre e rouba o guia do pai. Arthur e Ford se unem mais uma vez em busca de Random e do guia antes que algo de muito ruim aconteça. Todo o caos e humor esperados e presentes na série estão de volta, embora o final nos deixe a pensar se a famigerada pergunta para o sentido da vida vai ser algum dia respondida ou não... se é que importa.
Livro 6 - E tem outra coisa… (And another thing…)
Este livro em questão foi escrito por Eoin Colfer, após a morte de Douglas Adams, com a permissão da viúva de Douglas.
E tem outra coisa: narra as Aventuras de Arthur Dent e seus amigos no planeta Terra alternativo (uma vez que o planeta original é destruído no primeiro livro da série).
Este planeta também é rapidamente destruído e obriga as personagens a, mais uma vez, saírem vagando pelo universo em busca de novas aventuras.
Apesar de não ter sido escrito pelo seu autor original, o livro foi bem acolhido pelo público e aclamado pela crítica internacional, tornando-o o sexto livro da trilogia de quatro livros que na verdade são cinco e viraram, por conta desta publicação, seis.
Curiosidades
Em 2005, foi lançado pela Touchstone e pela Spyglass o longa metragem baseado no primeiro livro da série. Ainda assim existem várias diferenças entre a história do livro e o filme, todas acrescentadas pelo próprio Douglas Adams que sempre criou um roteiro diferente para cada versão do Guia.
No capítulo 7 do primeiro livro, Adams cita que o pior poema do universo foi criado por Paula Nancy Millstone Jennings. Na série original de rádio, o nome citado era Paul Neil Milne Johnstone, mas Adams foi forçado a mudá-lo para o livro. Johnstone é uma pessoa real, e uma amostra de seus poemas pode ser encontrada na internet.
Em uma homenagem ao livro, fãs celebram o “Dia da Toalha” no dia 25 de Maio, quando todos carregam uma toalha durante o dia inteiro onde quer que vão.
A canção “Paranoid Android”, da banda inglesa Radiohead (assim como muito do contexto do disco “OK Computer”), teve os livros como referência.
(Texto de Fernando Russo Campioni)



Fernando Russo Campioni nasceu em São Paulo/SP. Começou cedo a amar as artes, como música e livros, principalmente por influência de sua mãe, uma leitora ávida e amante de boa música como chorinho, MPB e bandas internacionais, tais como Beatles e Queen. Proficiente no inglês aos 14 anos, Fernando sempre se manteve em contato com a literatura internacional. Tendo ganho de seu pai um videogame Atari ao nascer, Fernando nunca mais se separou dos jogos eletrônicos, e passou, por conseguinte, a se interessar por cultura oriental. Formou-se em Processamento de dados aos 21 anos pela FATEC/ SP e cursou pós em Finanças & Banking. Hoje, Fernando é funcionário concursado de um banco público, poliglota e amante da cultura Geek.

AS INVENÇÕES DE HUGO CABRET




A cada ano que passa Scorsese vai ficando melhor! O cineasta é um gênio mesmo e, As Invenções de Hugo Cabret merecia ter ganho o Oscar de melhor filme e direção!

A sacada de Martin Scorsese começou quando ele decidiu produzir um filme que fala da trajetória do pai dos efeitos especiais no cinema (Georges Méliès) em 3D. Méliès tornou sonhos possíveis, dentro do cinema! E nada mais justo do que uma homenagem à altura desse mestre!

O 3D é um primor. Scorsese fez com muito carinho cada detalhe e escolheu atores magníficos! Ben Kingsley, que faz Méliès é um veterano de cinema, nato, o cara é fera; Asa Butterfield (Hugo) nos encanta também com sua atuação e Chloë Moretz, cara eu não consigo falar mal dela. Ela me encanta em todos os papéis! Aposto em um futuro muito promissor pra essa menina fofa!

O filme não deveria se chamar As Invenções de Hugo Cabret (até porque o personagem não ganha status de principal assim e muito menos inventa coisas) ele simplesmente concerta relógios, até que, em um atrito bobo com Georges Méliès, ele descobre um grande cineasta do passado. Hugo percebe que o talento de Méliès não deve ser desperdiçado, e juntamente com a sobrinha do ex-cineasta, ele parte para uma tarefa difícil: tentar reanimar Georges Méliès e fazer com que ele se interesse pelo cinema novamente. E assim o filme nos leva a indagações fascinantes com um olhar para dentro do cinema! Como: é o fim do cinema como o vimos? Sim e não! Georges Méliès percebeu que o cinema não acaba, apenas muda, transforma! Martin Scorsese trabalhou bem essa questão! O cinema muda sim, mas nunca perde a sua essência, e, essa essência é justamente fabricar sonhos, ou, poder, por apenas alguns instantes torná-los realidade.

Parabéns a Scorsese que nos brindou com um filme tão lindo! Uma pena mesmo não ter levado a estatueta, mas com certeza, jamais será esquecido!

FAFI APRESENTA PEÇA "ESCURIAL" NESTE SÁBADO GRATUITAMENTE


Escola de Teatro Dança e Música Fafi apresenta o espetáculo “Escurial” no Laboratório de Artes Cênicas da Escola, neste sábado (31), às 20h30. A entrada é franca e o local tem capacidade para 90 pessoas.

O texto é de Michel Ghelderode. A direção e a encenação do espetáculo são assinadas por Nysio Chrysóstomo e Marcos de Castro. A peça traz um rei e seu bufão num diálogo de expectativa sobre a morte da rainha.

Enquanto aguardam o “esqueleto vadio que desliza pelas chaminés”, num jogo tenso de farsas, as personagens revelam verdades inconfessáveis, gerando um confronto no qual a suspeita, o medo, a dor e o ódio se vestem de escárnio e adulação que se revezam sustentados por mentiras e verdades, numa sátira à decadência moral e declínio do poder dos impérios. A classificação da peça é de 16 anos.

Na adaptação deste texto, através de efeitos de iluminação, sonoridade e cenografia, a Cia. Makuamba dialoga em cada unidade cênica com as linguagens trabalhadas por Ghelderode em toda sua obra, como o expressionismo, a comédia de l’arte e o teatro de fantoches, buscando um espetáculo bizarro e tragicômico.

Concepção

O espetáculo conduz a plateia a um drama breve e agonizante, no qual a loucura das personagens aparentemente antagônicas, carregadas de angústias e desejos, e a eterna incerteza que norteia o poder (sustentar-se no prazer ou no temor), levam o rei, através de ações desmedidas, destruir qualquer ameaça ao seu orgulho de soberano, à conquista de sua total solidão, o que, inexoravelmente representa a perda de sua própria condição de poder.

Sobre o autor

Michel de Ghelderode é o pseudônimo do belga Adhémar Martens (1898-1962), um escritor nascido em Bruxelas, em 3 de abril de 1898, numa família de origem Flamenga. Alfabetizado em francês, teve uma educação marcada pela figura austera de um pai muito autoritário e pelos versos terrificantes de uma mãe supersticiosa.

Foi um adolescente tímido e solitário, de saúde frágil, enfrentando constantes crises de asma, que se repetiriam por toda a vida. Aos 16 anos, a tragédia de ser atacado pelo tifo o faz experimentar a proximidade da morte. Essa experiência estará presente ao longo de sua obra. Seu teatro sempre irá explorar a condição humana em todo seu horror e crueldade.

Serviço
Escola de Teatro Dança e Música Fafi apresenta a peça “Escurial”
Quando:
sábado (31), às 20h30
Onde: Laboratório de Artes Cênicas da Fafi. Avenida Jerônimo Monteiro, 656, Centro.
Mais informações: 3381-6923 ou 3381-6924
Classificação:
16 anos.
Entrada gratuita.

ERIC CLAPTON 67 ANOS: A AUTOBIOGRAFIA


Hoje, 30 de março, Eric Clapton completa 67 anos. Como homenagem, o Outros 300 versa sobre sua ótima autobiografia, que foi lançada em 2007. O livro é um relato vivo de um dos maiores guitarristas de todos os tempos.

Nos idos de 1960, quando as pichações de Londres anunciavam "Clapton é Deus", o brilhante guitarrista inglês, na verdade, estava vivendo no inferno. Eric Clapton trocou o vício em heroína pelo álcool, passou por relacionamentos afetivos desastrosos e pensou em suicídio segurando uma garrafa de vodka em uma mão e um revólver na outra.

A divindade da guitarra há muito tempo se entregou a uma força superior. Aos 62 anos, Clapton está sóbrio há 20, é feliz no casamento e tem três filhas. Este é, sem dúvida, um ótimo momento para refletir sobre uma vida extraordinária, e é exatamente isso que faz o músico do hall da fama do rock em "Eric Clapton: Autobiografia", que foi lançada no Brasil pela editora Planeta.

Ao contrário de trabalhos desse tipo realizados por diversas estrelas do rock, este não inclui lendas Zeppelianas de tietes taradas ou textos encomendados de autores anônimos contando histórias musicais e pessoais. Clapton apresenta uma visão inexoravelmente sincera e crítica sobre sua vida, narrando a proximidade da morte e a recuperação, intercaladas com histórias de uma carreira musical inigualável.

Clapton, bebendo uma garrafa de água em uma sala da Rádio Pública Nacional antes de participar de um programa da rádio, contou que fugiu intencionalmente daquele tipo mais comum de autobiografia de celebridades.

"Para seguir aquele molde, nem saberia por onde começar", explica Clapton. "Nem sei o que aquilo significa, pra ser bem sincero. A palavra 'celebridade' perdeu qualquer que fosse seu real significado. Na verdade, tentei descobrir por mim mesmo como faria esse trabalho".

Em princípio, Clapton planejava conceder uma batelada de entrevistas sobre sua vida, deixando as tarefas de compilação e organização do livro a cargo de um colaborador. Mas uma leitura atenta da primeira versão fez com que o guitarrista sentisse vontade de se envolver mais a fundo no projeto.

"Percebi que não era o que eu queria fazer de forma nenhuma", diz Clapton. "Então reescrevi o texto e depois pensei, 'Eu mesmo vou escrever tudo'".

Robert Johnson

A inspiração de Clapton nas cordas, Robert Johnson, cantava sobre um cão monstruoso e demoníaco que surgiu em seu caminho ("Hellhound on my trail"). No caso de Clapton, havia uma matilha inteira o perseguindo, até que uma segunda passagem pela reabilitação mudou sua vida em 1987. Johnson morreu aos 27 anos, e houve um período em que Clapton teve certeza de que sua própria vida não duraria muito mais do que isso.

"Eu acreditava naquela idéia quando era jovem e tentava me identificar com esses caras", Clapton diz se referindo a Johnson e outras lendas do blues. "É o tipo de fantasia incorporada que se agrega ao vício, uma forma de justificar a necessidade que eu tinha de ficar chapado. Algo do tipo: 'É isso que os meus heróis faziam'".

Apesar de tudo, Clapton criou um legado musical indelével, passando por diversos gêneros e, ao mesmo tempo, inspirando gerações. Os títulos dos capítulos da autobiografia servem como um roteiro da vida do músico: "The Yardbirds", "Cream",
"Blind Faith", "Derek and the Dominos".

Clapton, desde o início da carreira com os Bluesbreakers, de John Mayall, rapidamente assumiu uma posição de total entrosamento no universo da música. Saía com os Beatles e os Rolling Stones, participava de jams com Muddy Waters e Duane Allman, influenciou Stevie Ray Vaughan, Derek Trucks e milhares de outros guitarristas.

Ele confessa, sem constrangimento, que não consegue se lembrar de tudo o que aconteceu.

"Minha memória dos acontecimentos do final da década de 60 até o início da década de 80 é bastante fragmentada", conta Clapton. "Escrevi aquilo que consegui me lembrar e precisei de colaborações também".

Mick Jagger

O livro de Clapton não é totalmente desprovido daquelas histórias adoradas pelos tablóides. Ele se recorda de como Mick Jagger roubou sua namorada, uma modelo italiana, provocando delírios homicidas em Clapton ao final dos anos 80.

"Eu fiquei mentalmente perturbado", recorda-se Clapton. "Queria matá-lo. Passei um bom tempo tramando maneiras de destruí-lo ou simplesmente fazê-lo desaparecer. Foi aquele tipo de fantasia insana, típica de um alcoólatra em recuperação".

Ele também mergulhou no relacionamento com Pattie Boyd, que se uniu a Clapton depois de sua separação do beatle George Harrison. O relacionamento entre os dois, que viria a ter um triste fim, fez de Pattie a musa inspiradora de algumas das canções mais famosas de Clapton, como "Layla" e "Wonderful Tonight", antes de o romantismo se transformar em amargura.

Clapton contou sobre uma ida recente, em um domingo de manhã, ao mercado perto de sua casa. Na banca, viu que os jornais ingleses haviam publicado trechos da recém lançada autobiografia de Pattie, "Wonderful Tonight". Ao pegar o jornal, foi impossível ignorar a manchete da primeira página: "O ALCOOLISMO DE ERIC CLAPTON DESTRUIU MEU CASAMENTO".

"O editor da manchete optou por me castigar com tudo", diz Clapton com uma polidez tipicamente britânica. "Estou no mercadinho do bairro e fico pensando, 'Será que os vizinhos estão me vendo ler isto?'".

Clapton recebeu seu convidado sozinho, sem aquela tropa de secretárias ou assessores de imprensa. Usa óculos e sua audição começa a ficar prejudicada. Os cabelos estão cortados bem curtos e a barba é rala. Vestindo camiseta e calça jeans, Clapton é despretensioso e acessível. Ora pensando, contemplativo, ora dando risada.

Para escrever o livro, ele consultou os diários que escrevia durante os anos 80. Os pensamentos, encaixotados no sótão durante anos, reavivaram memórias dolorosas. Clapton se lembrou que escrevia os diários com a caneta em uma mão e a bebida na outra.

"Eu tinha delírios de grandeza", diz ele com uma risada de autocensura. "Eu pensava que tinha algo de importante a dizer. É disso que a bebida era capaz: ela me dava uma idéia distorcida e iludida de que eu era super importante".

"Depois que eu me calibrava com a minha dose diária de álcool, ficava fácil dedicar algumas horas para escrever pensamentos ruins. Hoje em dia, acho que não ocuparia meu tempo com isso".

Tempo ocupado

Hoje em dia, na verdade, o tempo dele já está ocupado. Além da dedicação à família, Clapton continua trabalhando ativamente em prol do centro de tratamento de dependentes Crossroads, que fundou há quase uma década em Antigua. Há alguns meses, um enorme show foi organizado para arrecadação de fundos para o centro. E, embora pense em parar de se apresentar, Clapton não planeja se aposentar.

"Não posso parar com as turnês. E não vou", diz ele enfaticamente. "Acredito que eu tenho uma responsabilidade de tocar para as pessoas".

Com o passar dos anos, Clapton viu diversos amigos e colegas morrerem, de Jimi Hendrix a George Harrison, de Duane Allman a Bob Marley, de Stevie Ray Vaughan a Muddy Waters. Perguntado sobre como conseguiu sobreviver, Clapton já tinha uma resposta na manga.

"Sempre supus que, na verdade, foi porque até hoje não consegui alcançar a organização e a eficiência ideais", responde ele, gargalhando. "Talvez seja melhor não aperfeiçoar demais, porque daí sim será o momento de parar".

"Fico feliz que tenha acontecido assim. Ainda não acho que cheguei ao máximo. Ainda estou aprimorando minha música".

O que? Eric Clapton ainda está acertando os acordes?

"É", responde ele, cuja risada tomava conta da sala. "Ainda estou em busca do som perfeito".

OS ROCKS DO FIM DE SEMANA


Tom e Vinicius estão enganados! Dessa vez não há águas de março para fechar o verão e o primeiro fim de semana de abril será de muito sol, calor e cultura. Nao sabe do que estamos falando? Então é só conferir abaixo todos os eventos culturais do estado, escolher o que lhe agradar mais, e se divertir a vontade:

Literatura

No próximo domingo, 01/04/2012, às 18h, a ACADEMIA DE LETRAS HUMBERTO DE CAMPOS (Vila Velha/ES) realizará mais uma edição do SARAU DOMINGO POÉTICO. Entrada Franca.

Música

Opções para todas as idades e gostos. Nesta sexta Teresa Cristina e a banda Os Outros fazem um tributo ao rei na Estação Porto, no Centro, a entrada é franca. Já no sábado, o cantor Thiaguinho chega ao Estado com sua turnê solo e canta seus novos sucessos, na Arena Vitória. Ainda no sábado, O Rappa faz show na área verde do Álvares cabral. No Ilha Shows, o cantor Leonardo comanda a noite com a dupla Relber e Allan. Na Casa Clube, acontece o lançamento da 37ª Festa Junina da Emescam, com Nando & Michel e Reder Matos. No domingo Para quem curte um samba e pagode, os grupos PedalaSamba e Sambalístico encerram o final de semana com chave de ouro no Domingo Balístico. Em Vila Velha, o agito acontece no Chillibus, com grupo Desejo Maior, Donato e Eduardo e DJs.

Rodrigo SantAnna, humorista
Teatro

No teatro é a vez da peça "Comício Gargalhada", com apresentações somente no domingo, no Centro de Convenções de Vitória. O show será de Rodrigo Sant’anna uma coqueluche no país com a sua personagem mais famosa, o travesti Valéria, do programa "Zorra Total".

Cinema

No Kinoplex do Shopping Praia da Costa. Destaque para a comédia "Cada um tem a gêmea que merece"; e para a estréia de "Jogos Vorazes".
No Cinemark de Shopping Vitória. Destaque para a comédia "Guerra é guerra"; e também para a estréia de "Jogos Vorazes".
No Cine Araújo do Shopping Mestre Álvaro. Destaque para a ação "Protegendo o inimigo"; e também para a estréia de "Jogos Vorazes".
No Metrópolis destaque para o documentário "As canções" e para o drama "Você, os vivos".
No Cine Jardins destaque para os dramas"A dama de ferro" e "O Artista"

Anna Karenina de Selma Weissmann
Exposição

Na Galeria Ana Terra (Rua Eugênio Neto, 106, Praia do Canto, Vitória) tem a Mostra "Faluas do Tejo", neste sábado, das 9h30 às 13 h. Exposições inspirados na obra dos poetas portugueses Fernando Pessoa e Florbela Espanca.
Já na Galeria Homero Massena, no Centro de Vitória, tem a exposição "Quinquilha – Transfiguração Iconografia Manufaturada". Nesta sexia até as 18 horas.

ZECA BALEIRO APRESENTA SEU NOVO SHOW "CALMA AÍ, CORAÇÃO" EM VITÓRIA DIA 21 DE ABRIL. NÃO PERCA!


O cantor e compositor Zeca de Baleiro preparou um novo show para a turnê de lançamento de seu 9º cd de inéditas, “O Disco do Ano”, que sai em abril pela Som Livre. O show leva o nome de uma das faixas do disco, ‘Calma Aí, Coração’, e estréia nos dias 12 e 13 de abril na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional de Brasília, passando depois por Goiás, Rio de Janeiro, Vitória e São Paulo, entre outras cidades do país. Em Vitória, Zeca Baleiro e sua banda se apresentam no Ilha Shows, dia 21 de abril (a venda de ingressos começa nesta sexta-feira, 30 de março).

O show terá o repertório baseado no cd, destacando canções como “Nada Além” (Frejat e ZB), “Tattoo” (ZB), “Último Post” (ZB e Lúcia Santos), “Ela Não se Parece com Ninguém” (ZB) e “Calma Aí, Coração” (Hyldon e ZB). Baleiro ainda recupera algumas faixas menos conhecidas de discos anteriores, como “Mundo dos Negócios” e “Comigo”; e faz releituras de Marina Lima e Martinho da Vila. Projeções concebidas pelo próprio Zeca Baleiro vão compor o cenário do show.

Zeca Baleiro (voz, violões, guitarra e ukelele) será acompanhado pela banda formada por:

Tuco Marcondes - violão, guitarra, gaita, ukelele e banjo;

Fernando Nunes - baixo e violão;

Kuki Stolarski - bateria e percussão;

Pedro Cunha - teclados, samplers, sintetizadores e acordeon;

Adriano Magoo - teclados, samplers, sintetizadores e acordeon.

Zeca Baleiro apresenta ‘Calma Aí, Coração’ em Vitória

21/abril - Ilha Shows (Alameda Ponta Formosa, 350, Praia do Canto)

Início da Venda de Ingressos: 30 de março.

Preços dos ingressos: Camarote (R$ 160,00 inteira e R$ 80,00 meia) e Pista (R$ 100,00 inteira e R$ 50,00 meia).

Telefone e site para informações: www.ilhashows.com.br - (27) 7811-2249

Pontos de venda de ingressos: d'Bem e Slyder LifeStyle