sexta-feira, 30 de novembro de 2012

LICENÇA CRÔNICA: SANDRO BAHIENSE


Sandro Bahiense é professor, bibliotecário e amante das coisas que envolvam escrita. Lançou em 2008, em parceria de Ricardo Salvalaio e de mais 7 colegas poetas, a coletânia de poesias "8 Vezes Poeta", trabalho em que pôde expor um pouco de seus sentimentos e arte. Ficou conhecido entre os colegas da UFES por fazer uma crônica para cada um deles. Além de crônica e poesia, Sandro também escreve artigos de opinião, contos e máximas. Tais trabalhos podem ser vistos em seu próprio blog cujo endereço é http://sandrobahiense.blogspot.com/. Sandro trabalha também, claro, neste blog como um dos colunistas. Confira, abaixo, a crônica intitulada "A culpa é de quem?":

A CULPA É DE QUEM?

"Percebeu como a Rede Globo manipula a população?"

"A religião (ou futebol) é o ópio do povo!"

"Também, passamos o tempo todo vendo novela."

"Essa música do Michel Teló so emburrece nossa juventude"

"Todo político é ladrão, por isso que o povo vota em qualquer um"

"Porque os funkeiros não usam a porra do fone nos ônibus?"*

Quantas vezes você já ouviu, leu ou falou estas frases? A culpa dos brasileiros serem assim é de quem? Da Rede Globo? De suas novelas? Do futebol? Do funk que aliena as pessoas? Do Michel Teló e seu "Ai Se Eu Te Pego"? Ou, não podia faltar, da religião? Afinal, a culpa é de quem?

Respondo-lhes: De nenhum deles! A culpa é da falta de educação, cultura e senso crítico! Explica-se:

Uma população culta, escolarizada e com grande capacidade de senso crítico estaria totalmente vacinada contra qualquer tipo de domínio: Seja ele oriundo da religião, cultura ou força militar. Então, quando alguém vier com o papinho que "a Rede Globo manipula a população com, dentre outros programas, novelas" responda que, se o povo fosse um pouco mais culto, ligaria-se, por exemplo, mais em literatura e menos em programas meramente de entretenimento que força em quase nada sua capacidade de pensar. 

O mesmíssimo argumento vale para o funk, Michel Teló, axés e afins. Zero de preocupação em aprender algo, o lance é só fazer uma coreografia pré-estabelecida pelo cantor. Uma população mais esclarecida, no mínimo, sentiria falta de algo mais elaborado que nos fizesse pensar um pouco sobre a vida e as coisas que nos cercam. E será que ouvir música alta nos ônibus não é reflexo da falta de bom senso e civilidade que, além das famílias, é aprendido nas escolas?

Política, futebol e religião, os três grandes vertices polêmicos, andam lado a lado na ignorância popular. Nem "todo pastor e político são ladrões" como anti religiosos e anti políticos tanto vociferam é verdade. Mas se temos (alguns bem poucos) pastores e políticos ladrões, isso se dá, principalmente, porque seus seguidores, de parca cultura, acreditam piamente em seus argumentos, muitas vezes, igualmente parcos. E o futebol? Brigas de torcida, por exemplo,  reflexo de falta de cultura. Ou você acha que um cara culto, com objetivos na vida, vai perder tempo se estapeando com outro marmanjo na rua? (Mesmo que seja com um argentino chato).

Então, porque em países civilizados temos todas essas coisas?

Também temos novelas, futebol, igrejas, big brother, jovens ouvindo música alta nos metrôs (menos do que aqui, mas tem!) em países desenvolvidos. E o Michel Teló é número um na Europa! E agora? Pois é, estes dados só servem para ratificar tudo que escrevi.

É totalmente possível termos todas essas coisas citadas neste artigo, afinal não são elas que são maléficas ao povo. Repito e repito quantas vezes precisar: O mal da sociedade é a falta de cultura, é a falta de educação e a falta de senso cívico, crítico, e social e é a falta de civilidade. As coisas são mais simples do que parecem. 

Vamos construir mais escolas, remunerar melhor nossos professores e educarmos melhor nossos filhos, por favor! Cansei de ler que " a religião é o ópio do povo" no Facebook.   


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