sexta-feira, 30 de novembro de 2012

LICENÇA PARA CONTAR: LUCIMAR SIMON


Lucimar Simon nasceu em Linhares – ES em 1977. Suas influências são diversas perpassando por autores de Clássicos da Literatura Brasileira e Estrangeira. Busca ler e acompanhar a Literatura Contemporânea bem como os ditos “poetas marginais”. Seus textos compõem uma escrita simples dedicada a fatos cotidianos, memórias, experiências acadêmicas e sua vida pessoal, e podem ser conferidos em Antologias e Coleções Poéticas da Câmara Brasileira de Jovens Escritores em: “Novos Talentos do Conto Brasileiro”, “Contos de Outono”, “Livro de Ouro do Conto Brasileiro”(2009) e “Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Nº 54”, todos publicados em 2009.  Lucimar Simon é Graduado em História pela UFES. Pós Graduado em História e Literatura – Texto e Contexto pela UFES. Confira, abaixo, o conto “Coisas da vida, da morte”:

COISAS DA VIDA, DA MORTE

Os nomes citados neste artigo são fictícios, e qualquer semelhança com a realidade será mera conhecidencia, não tendo vínculos com pessoas, locais ou fatos reais.

“Garota de 17 anos é encontrada morta em uma rua deserta do centro da cidade. Vítima de uma perfuração de bala calibre 38 na cabeça. Segundo o laudo médico confirmou-se espancamento, foi violentada sexualmente, e as escoriações por todo seu corpo confirmavam a violência do crime”.

Carlinha sempre foi uma garotinha esperta, aos cinco anos de idade já sabia fazer suas gracinhas para ganhar presentes de amigos, familiares e parentes, cresceu com um grupo de outras garotas de sua idade, pois no bairro onde morava não havia muitas casas, era o início de um projeto da prefeitura para habitação popular. O bairro crescera muito em poucos anos e fazia parte de uma grande periferia de uma cidade com média de 100 mil habitantes.

Em 1999, quando completou 15 anos, seus pais e amigos deram uma grande festa, e ela continuava a ser a mais sobressaída dentre as outras garotas da mesma idade, lógico que agora não contava muito com os pais para isso, pois sabia aprovariam o que ela estava fazendo nos últimos meses. E assim foi até os dias atuais do ano 2001, quando se aproximava mais uma data de seu aniversário, agora completaria seus 17 anos. Algumas semanas antes da festa, alguma coisa da vida de Carlinha veio ao conhecimento de seus pais, que tão logo a procuraram e deram uma bronca.

O papo foi breve, para ela aquilo era só “amolação” para uma garota de quase 17 anos, que quer curtir a vida. Isso porque aos 17 anos já tinha cheirado cola, fumado maconha, e algumas vezes cocaína, o álcool era rotina nas noites e fins de semanas, abandonara a escola á alguns meses e no mesmo período começou a paquerar Flavinho, filho de um traficante de drogas que estava preso no Rio de Janeiro, mas algumas pessoas dizem que seu padrinho, um homem conhecido por codinome Neto, assumira o controle do tráfico e Flavinho aos dezenove anos possuía uma longa ficha criminal por vandalismo, brigas e até pequenos furtos e era um auxiliar, como gerente de transações do tráfico comandado por Neto, que era conhecido pela frieza e modos brutos que cuidava dos negócios da sua família, levando ao extremo algumas situações, a ponto de ser intocado pela polícia local.

Os pais de Carlinha tinham conhecimento dos fatos, mas já não tinha o controle sobre ela, a qual estava afundada nesta vida ao lado de seu namorado. Como punição por essa rebeldia os pais negaram se a realizar a festa tradicional de todos os anos em seu aniversário. Logo ela indo além decidiu abandona a família e ir mora com amigas no centro da cidade. Agora longe dos pais continuou com sua vida, e prometeu fazer a melhor festa de aniversário que já fizera em todos os anos, pois era naquele fim de semana.

Estava ela com os preparativos da festa em uma calçada com umas amigas, quando em sua frente parara um carro, um opala preto, vidros escuros e abrindo apenas uma fresta deixou cair nas mãos de Carlinha um pedaço de papel, ela o pegou leu e não mostrou para as amigas de imediato o escondeu no bolso.

No sábado, tudo pronto para a festa, Carlinha já se encontrava no local recebendo os amigos quando Flavinho chegou dando a maior bronca, pois havia sido informado que sua namorada estava dando “trela” para outro, foi a maior confusão, os amigos entraram a controlaram a situação. Carlinha ficou chorando e Flavinho saiu furioso dali. A festa continuou mais não era mesma coisa para Carlinha, seu namorado não estava presente e ainda para complicar estava irritado com ela.

E esta situação perdurou até o fim da festa, e quando todos foram embora ficando Carlinha só a vagar pelo salão, balançando os braços e pensando em sua vida. Fim de noite não havia cheirado, fumado, nem se quer bebeu, sua noite não estava completa, foi então que ouviu uma buzina tocar, olhando na direção observara o carro de dias anteriores, que lentamente aproximava em sua direção. A porta abriu, ela sorriu e entrou, terminara sua noite e sua vida aos 17 anos.

“Garota de 17 anos é encontrada morta em uma rua deserta do centro da cidade. Vítima de uma perfuração de bala calibre 38 na cabeça. Segundo o laudo médico confirmou-se espancamento, foi violentada sexualmente, e as escoriações por todo seu corpo confirmavam a violência do crime”.

Um comentário:

  1. Muito bom reler esse texto aqui. Trabalhei com ele em uma aula de Português. Li também outros textos aqui é um espaço bem interessante.

    Achei bem legal a parceria já tinha vindo aqui outras vezes...Parabéns aos blogueiros!

    Diana Carla

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