sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CRÍTICA DO FILME 'LINCOLN'

'Lincoln', que estreia hoje nos cinemas capixabas, é o grande favorito em várias categorias (inclusive de melhor filme) ao Oscar deste ano. Confira a crítica do Outros 300 à estória sobre um dos mais emblemáticos presidentes dos Estados Unidos dirigida por Steven Spielberg.

Lincoln

Filme não merece ser favorito ao Oscar
'Lincoln' fica longe de outras produções de Spielberg

Não que o filme seja ruim, longe disso até. Mas a verdade é que 'Lincoln' é um filme frio, técnico e feito para não incomodar nem políticos, nem historiadores e, principalmente, nem o povo americano.

Esse é o problema de assistirmos a filme de figuras históricas de outros países, pois a preocupação de quem a conta, não é a veracidade de seu personagem por completo e sim manter uma aura de mito que tal figura tem . Abraham Lincoln começou o filme como herói  e terminou o filme como herói, sem novos fatos que mudem isso. 

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Empolgação por 40 segundos

O filme começa num campo enlameado de batalha em que o norte e o sul dos Estados Unidos se enfrentavam em plena Guerra da Secessão. A sequência é super real (lembrando a abertura de 'O Resgate do Soldado Ryan'), mas dura somente 40 segundos e, a bem da verdade, nos frusta um pouco.

Ainda mais porque logo após tão impactante cena, o filme corta para um diálogo entre Lincoln e dois soldados negros. Diálogo bonito até (aquele chavão norte americano de "um governo do povo, feito pelo povo e para o povo), mas que mostra bem evidentemente que o filme focará no Lincoln político. Ou seja, prepare-se para muita falação.

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Salientando: Sem ação nenhuma, 'Lincoln' tem como principalmente pano de fundo a luta do político pela votação da emenda constitucional que acabaria com a escravidão no país. A questão da abolição é um dos motivos da guerra civil, que opõe o Norte, comandado pela União, e os Confederados, os Estados separatistas do Sul cuja economia agrária depende dos milhares de negros escravos que seriam libertos pela nova lei. Caso alguém tenha visto 'Django' de Quentin Tarantino, não se espante. Sim! É o mesmo pano de fundo!

O que era pra chocar, não chocou

Havia um evidente medo em fazer um filme sem impacto e coisa nova. Para tanto Spielberg revelou uma faceta não conhecida do ex presidente americano: Ele comprava votos. Como a votação para a emenda era muito disputada, Abraham oferecia cargos em troca de aprovação à seu projeto.

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No Brasil, país do mensalão, isto é "coisa de criança". Contudo nos EUA tal prática passa longe de ser chocante ou amoral, uma vez que foi no governo Lincoln que a máxima que 'os fins justificam os meios' de Maquiavel, ganharam ares de mantra. Logo, o que era pra causar reboliço não causou.

O bom do filme? Daniel Day Lewis

Se não tem uma estória profunda, 'Lincoln' ganha força nas atuações. Daniel Day-Lewis mais uma vez se supera, e ratifica do porque de mais uma vez concorrer ao Oscar de melhor ator (já ganhou por Sangue Negro e Meu Pé Esquerdo). 

O ator incorpora o ex-presidente de forma impressionante, com voz e trejeitos impecáveis. Além de atuação firme, a maquiagem ajudou Day-Lewis a, não se parecer, mas simplesmente incorporar Lincoln.

Foto - FILM - Lincoln : 61505

Além dele, Sally Field e, principalmente Tommy Lee Jones, se apresentam muito bem. Jones com seu Thaddeus Stevens mostra que não é só um ator com cara de mau, mas que sabe também interpretar tipos mais inusitados e irreverentes.

Não merecia o status que tem

Nem parece que 'Lincoln' é fruto do mesmo diretor de 'A Cor Púrpura' e 'A Lista de Schindler', pois definitivamente o filme não emociona. A rigor, desconheço até o por que da enxurrada de indicações que 'Lincoln' teve, uma vez que ter boa fotografia, edição e edição  de arte nunca foi suficiente pra transformar um "documentário" em franco favorito ao Oscar.

Foto - FILM - Lincoln : 61505

Definitivamente não é um filme que nós indicamos, pois é muito falado, pouco ágil, muito técnico e que, por fim, joga confetes em uma figura histórica que nada fez pelo Brasil. A não ser que você é fã de Daniel Day Lewis, senão...

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