quarta-feira, 30 de outubro de 2013

TUDO SOBRE 'O MORDOMO DA CASA BRANCA' QUE ESTREIA NESTE FIM DE SEMANA NOS CINEMAS

Estrelada por Forest Whitaker e pela super estrela do entretenimento americano Oprah Winfrey, 'O Mordomo da Casa Branca' promete trazer de volta, em versão light, a questão da segregação racial nos Estados Unidos. Saiba mais lendo a matéria completa.

Por Rafael Braz


'O Mordomo da Casa Branca' conta um pedaço da história americana

Longa com Forest Whitaker e Oprah Winfrey estreia sexta no Espírito Santo


Há cerca de dois anos, o filme “Histórias Cruzadas”, de Tate Taylor, obteve quatro indicação ao Oscar e rendeu uma estueta de Melhor Atriz Coadjuvante para Octavia Spencer. A história de uma abastada jovem branca que, com sua visão única de igualdade entre as raças, desperta nas empregadas negras uma consciência social conquistou público e parte da crítica com sua narrativa light, por servir como um “aliviador de culpa” para a classe média branca. Afinal, todos querem pensar que, na verdade, são tão bons quanto aquela bela jovem.

Buscando – e conseguindo – a mesma trajetória nas bilheteria, e despertando as mesmas sensações no público, “O Mordomo da Casa Branca” estreia sexta-feira no Estado. O filme de Lee Daniels é baseado na história real de Cecil Gaines (Forest Whitaker), um mordomo negro que serviu presidentes na Casa Branca durante 34 anos. Mesmo que utilize uma reportagem do “Washington Post” como ponto de partida e inspiração, o roteiro de Danny Strong toma diversas liberdades históricas, a começar pelo nome de seu protagonista, que na verdade se chamava Eugene Allen (1919 – 2010).

Divulgação

Narrativa

Desde o início, o filme constrói Cecil como um sujeito que poderia crescer odiando os brancos, pois, já em sua infância, ele e sua família foram vítimas de maus tratos nas famosas fazendas de algodão no conservador Sul dos EUA. Naquela região, mesmo após o fim oficial da escravidão, a prática se manteve de maneira velada por muito tempo. Neste cenário, a mãe do dono da fazenda, vivida pela veterana Vanessa Redgrave, já surge como a primeira branca “boazinha”: é ela que transforma o pequeno Cecil em um bom “negro de casa”, ou seja, o mordomo da família.

Após essa passagem, o espectador já é levado aos momentos em que Cecil serve os presidentes Eisenhower (Robin Williams), Kennedy (James Marsden), Johnson (Liev Schreiber) e Nixon (John Cusack), todos às voltas com a luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos.

Sempre com uma desnecessária e incômoda narrativa em off, o filme mostra Cecil servindo políticos e convidados na casa do poder dos EUA, ao mesmo tempo que seu filho Louis (David Oyelowo) integra o movimento dos Panteras Negras, deixando o mordomo e sua esposa Gloria (Oprah Winfrey) constrangidos.

Atuações

Em um filme claramente realizado para despertar a empatia do público com o protagonista, algumas atuações chamam a atenção. Whitaker, apesar de uma ingenuidade forçada, garante a intensidade necessária a Cecil, que alterna momentos contidos em seu trabalho com outros mais passionais, quando enfrenta o filho. Oyelowo, por sua vez, entende bem a química necessária para que o público compre o embate entre pai e filho.

Divulgação

A atuação da dupla é o ponto forte do filme, que, em contrapartida, exagera a mão (e na maquiagem) ao escalar John Cusack como Richard Nixon. Quem também merece destaque negativo e poderia ter bem menos tempo de tela é Oprah Winfrey. A influente apresentadora de TV americana, que adora se envolver nesse tipo de produção, exigiu um arco dramático desenvolvido para sua personagem. Assim, Gloria ganha um alcoolismo e um caso extra-conjugal que só acrescentam mais drama à vida do pobre Cecil.

A história de Eugene, o mordomo de verdade, já era interessante o suficiente para um filme satisfatório. O problema é que “O Mordomo da Casa Branca” potencializa o drama de Cecil, o personagem de mentira, para torná-lo figura essencial na história da luta pelos direitos civis nos EUA. No fim, o saldo da história é que, ao dar ouvidos ao oprimido mordomo negro, presidentes brancos fizeram a história da “maior nação do mundo”.

Eugene serviu a oito presidentes

Entre 1952 e 1986, Eugene Allen trabalhou na Casa Branca. Sua vida não foi tão dramática como mostra o filme. Ele não cresceu em uma fazenda de algodão e seu filho, Charlie, não foi um Pantera Negra – muito pelo contrário, trabalha hoje como agente no Departamento de Estado. Foi casado com Helene durante 65 anos e faleceu em 2010, em virtude de uma falência renal.

O Mordomo da Casa Branca
Drama. (Lee Daniel’s The Butler, EUA, 2013)
Direão: Lee Daniels
Elenco: Forest Whitaker, Alex Pettyfer, Robin Williams, John Cusack, Lenny Kravitz, Vanessa Redgrave, David Oyelowo, Oprah Winfrey, Terrence Howard, Cuba Gooding Jr., Liev Schreiber
Estreia sexta-feira
Cotação: ***

Veja o trailer

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