terça-feira, 24 de dezembro de 2013

LICENÇA POÉTICA: FABRÍCIO COSTA


Fabrício Costa, capixaba, natural de Ecoporanga, estuda Geografia na Universidade Federal do Espírito Santo e é poeta por vocação. Escreve desde menino, mas foi em 2010, aos 22 anos de idade, que publicou seu primeiro livro “O Riso que Contrasta”. Nesta obra, o autor nos presenteou com uma coletânea de poemas escritos desde os 12 anos de idade. Atualmente, Fabrício Costa trabalha em um novo projeto que deverá ser publicado em 2013. Confira, abaixo, o poema “Post mortem”:


POST MORTEM 

Um poema foi encontrado morto,
morreu de fome,
fome de palavras, 
fome de apreço.

Um poema foi encontrado morto, 
esquartejaram-no, 
desmembraram suas sílabas,
jogaram suas vírgulas aos porcos.

Um poema foi encontrado morto,
morreu sem socorro,
como baleia, ficou preso na areia da praia, 
encalhado, morreu sufocado.

Um poema foi encontrado morto,
motivo da morte: caneta ausente,
morreu de vontade de ser escrito, 
suas letras sumiram no espaço, cadáver oculto.

Um poema foi encontrado morto,
imagina-se que por excesso de palavras doces,
o certo é que morreu lenta e sofregamente, 
morte por diabetes.

Um poema foi encontrado morto,
falaram brevemente nos jornais,
suas palavras um dia foram famosas, 
morreu de ostracismo.

Um poema foi encontrado morto, 
mas não falaram sobre ele,
morreu perdido em um jogo de palavras cruzadas
morreu por ser aventureiro demais.

Um poema foi encontrado morto,
morreu por tentar se fazer de conto,
por tentar enganar a morte,
morreu de desengano.

Um poema foi encontrado vivo, Pedindo esmolas,
Ninguém lhe deu atenção, 
Jogaram-lhe na sarjeta para morrer,
Morreu de maus tratos e foi enterrado como indigente.

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