quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

CRÍTICA DO FILME 'ELA'

Nova aventura da dupla Spike Jonze e Joaquin Phoenix nos cinemas, 'Ela' chega às telonas nos fazendo pensar: Será que é possível haver amor entre um homem e uma máquina? E será que é possível fazer um filme bom, e não piegas, sobre isso? Confira essas e outras respostas lendo a crítica do filme:

Por Sandro Bahiense

Ela

Um filme para quem tem sensibilidade
'Ela' é uma obra prima dos romances modernos

Você gosta de pensar, questionar e interpretar as coisas da vida? E gostaria de ver um filme que lhe instigasse tais sensações até a última instância? Você gosta de refletir sobre a vida e o amor? Se suas respostas foram sim, preparem-se para se deparar com uma obra prima! 'Ela' é um dos melhores roteiros da qual vi em anos. Um filmaço!

A trama

O flme mostra Theodore (Joaquin Phoenix), um escritor deprimido, ainda dolorido com a separação daquela que ele julgava ser a mulher de sua vida (Rooney Mara). Infeliz com tudo ao seu redor, ele acaba equipando seu computador com um novo sistema operacional, que possui uma inteligência artificial que aprende e evolui baseado nas respostas que recebe, as intonações de voz, os suspiros e tudo mais. 

Detalhe, o tal computador que ele liga diretamente no fone de ouvido se chama Samantha e tem a voz rouca de Scarlett Johansson, que fica sussurrando palavras ao seu ouvido. Bastam algumas atualizações para que Theodore volte a sorrir e esteja completamente apaixonado pela máquina.

Ela - Foto

Crítica

O filme é brilhante! E não me constrangerei em enchê-lo de elogios. São vários os pontos que contam a favor de 'Ela', a começar, claro, pelo roteiro (que merece, muito, o Oscar). Não que a ideia de um homem se apaixonar por uma máquina seja novidade, mas a forma como esse amor é demonstrado é que é impar.

Isso porque Spike Jonze (direção e roteiro) filma um cenário moderno, mesmo que, a princípio, as cenas ocorram em um tempo não definido (que poderia, porque não, ser até o passado). Esse cenário não é composto por máquinas voadoras nem nada. Pelo contrário. Tudo é muito igual aos nossos tempos, com a diferença que as máquinas passam a fazer parte da nossa vida íntima, num processo de quase fusão entre pele e metal, real e virtual.

Ela - Foto

Nessa perspectiva Theodore se apaixona pela voz que vem de seu telefone, simples assim. Nada de uma mulher feita de metal ou coisa do tipo. A partir daí, o que se vê é uma série de questionamentos sobre a vida, o amor, o sexo e as relações, e dos porquês sim e não, a qual nos impomos.

O futuro de Jonze mostra uma sociedade solitária que invariavelmente tem como companhia somente as máquinas e não vê mal nisso. Tanto que as pessoas passam a pensar como se máquinas fossem com sensações objetivas.

As interpretações de Joaquin Phoenix e, principalmente, de Scarlett Johansson (somente a voz) servem para ilustrar ainda mais a ideia de Jonze. Scarlett, aliás, merecia uma indicação como atriz coadjuvante, pois percebemos o crescimento e a mudança de Samantha ao passar do filme, mérito totalmente dela. 

Ela - Foto

Em tempo de livros e filmes de romance que chegam a dar nojo de tão bobos, piegas e repetitivos, termos um romance tão genial e tão diferente como 'Ela' merece ser festejado. Se você gosta de pensar sobre a vida esse é O filme em anos.   

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