quinta-feira, 6 de março de 2014

MOSTRA NO MAES RESGATA HISTÓRIA DO POETA RONALDO AZEVEDO.


Reunindo o conjunto de 32 poemas (mais um projeto de trabalho não concretizado) e seis textos em prosa de um dos mais inventivos criadores da poesia brasileira do século XX, a próxima exposição do Museu de Arte do Espírito  Santo Dionísio Del Santo (Maes) resgata a trajetória de Ronaldo Azeredo, um dos integrantes do movimento da poesia concreta no Brasil.

Sob a curadoria de Marli Siqueira Leite, a mostra "Ronaldo Azeredo: O Mínimo Múltiplo (in)Comum - Uma Trajetória Poética" foi aberta no dia 21 de janeiro. A montagem chega ao Maes, após uma temporada de grande sucesso na Casa das Rosas, na capital paulista, entre os meses de junho e agosto de 2013. A instituição, administrada pela Poiesis, é vinculada à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.

Com produção de Aparecida Torrecillas e organização e projeto visual da JUUZ Design, a exposição pretende recuperar a trajetória poética do carioca/paulista Ronaldo Azeredo, desde o primeiro poema "ro" (produzido em 1954, quando o autor tinha apenas 17 anos) ao livro "Lá bis os dois", de 2002 - seu último trabalho publicado. Por meio da mostra, o público poderá conhecer o caminho da poesia escrita até sua hibridização com as artes visuais.

Trajetória
 
Ronaldo Pinto de Azeredo (foto ao lado) nasceu no dia 12 de fevereiro de 1937, no Rio de Janeiro, e faleceu em 14 de novembro de 2006, em São Paulo. Fixou-se na capital paulista na década de 1950, juntando-se ao grupo Noigandres, ao lado de Décio Pignatari, Haroldo de Campos e do então futuro cunhado Augusto de Campos. No final dos anos 1960, aproximou-se do artista (e seu vizinho no Cambuci) Alfredo Volpi, que o estimulou enormemente, levando-o a testar os limites entre a poesia e as artes visuais.

O autor chegou à vida de Marli Siqueira Leite de forma inusitada. Durante uma atividade na escola, a professora trabalhou com sua turma o poema "velocidade". Ao final da aula, um dos seus alunos revelou que o autor do poema era seu avô. E emendou: "Quer conhecê-lo?". A partir do convite, o encontro se deu e, então, firmou-se uma relação de amizade entre ambos.

Marli é autora de uma dissertação do mestrado em Estudos Literários, pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), sobre Ronaldo Azeredo - único estudo acerca da obra do poeta até o momento.

Mostra paralela

Paralelamente, o Maes recebe a exposição "Intersecções", que apresenta obras de Caê Guimarães, Douglas Salomão e Lúcio Manga. Seus trabalhos fazem parte de uma produção poética que tem se mostrado forte no Espírito Santo, presença constante em exibições culturais, espaços alternativos de teatro, música e literatura, meios virtuais e os tradicionais veículos impressos, como jornais e revistas.

São poetas com um sólido trabalho, atuando na área literária há anos, cada um com seu percurso, sua história, dialogando letras com formas, com intercalações, com jogos de espaço. Ao lado deles, obras que se assemelham à arte concreta, concebidas pelo artista plástico Dionísio Del Santo, com suas linhas, pausas, figuras. Há, nesse encontro, um diálogo silencioso, entre imagens e letras, linhas, cores e formas. Há intersecções.

Na ocasião, será realizada também mais uma edição do projeto "Maes em Letras", exposição de livros da biblioteca especializada em artes visuais, do museu, com exibição de obras literárias que se relacionam com as mostras em cartaz.

Serviço:

"Ronaldo Azeredo: O mínimo múltiplo (in)comum - Uma trajetória poética"
Local: Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes)
Avenida Jerônimo Monteiro, 631, Centro, Vitória
Visitação: de terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. Até 23 de março.
Informações: (27) 3132-8393 / museudeartes.wordpress.com
 

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