domingo, 22 de fevereiro de 2015

CRÍTICA DO FILME 50 TONS DE CINZA

Um pouco demorado? Sim, eu sei. Mas garanto que você não viu ainda uma crítica como a nossa. Confira abaixo o que achamos de 50 Tons de Cinza - O filme.

Por Sandro Bahiense


Predisposição
Olhar contrário ou favorável de quem conhecia a estória afeta julgamentos para o bem e para o mal.

É muito difícil julgar a um produto que desperta tanto asco de alguns e, principalmente tanta paixão de outros. Aliás, sejamos francos: Outros não, outras não é? 

"Gostei, e pronto!", "Vi e verei mais duas vezes". "Vocês não sabem de nada" e blá, blá, blá e blá, blá, blá... São algumas das respostas de fãs que defendem cegamente a um produto que gostaram e pronto! Particularmente detesto reações infantis e sem argumentos como de algumas fãs descerebradas e sugiro que estas guardem seus "posicionamentos" só para si.

Fãs maduras, por sua vez, tem dois argumentos a qual consideram irrefutáveis: "Você não leu o livro" e "essa é uma história de amor". Para estas digo previamente: Li o livro e sim, considero que esta é uma história de amor (podemos trocar amor por relacionamento?)

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Bons para uns, terrível para outros... 50 Tons dividindo opiniões.

Isso posto, vamos lá:

50 Tons de Cinza, o livro, é uma das coisas mais bisonhas que já foram escritas em uma folha de papel na história. Trama piegas, brega, chata, previsível, nada original e muito má escrita. 

Logo quando li que E. L. James exigiu que o texto do livro fosse literal no filme, não podia esperar algo bom e, de fato, não foi.

Vejam os diálogos

"_ Eu acho que o senhor tem um coração maior do que transparece...
_ Algumas pessoas dizem que eu nem tenho coração.
_ Porque diriam isso?
_ Porque me conhecem bem."

Numa loja de material de construção

"_ O que você me sugere mais (como material de construção)?
_ Macacão. Para botar em cima da roupa.
_ Não. Eu posso fazer sem roupa."

"_ Eu não sou romântico.
_ Meus gostos são peculiares...
_ Você não entenderia.
_ Ah, então me ensina."

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O filme é elegante igual esse visual da Dakota

Daí vemos que é impossível fazer algo elegante disso. Mas até que a diretora Sam Taylor-Johnson, pelo menos nos primeiros quinze minutos de filme, consegue tirar algo bom da coisa. Com um texto irônico, ela deixa a coisa bem na pegada de comédia romântica e, olha!, o filme fica até bem legal.

Mas depois que Grey e Steele começam a meter... ops, quer dizer, fazer amor, ops, quer dizer, de novo, foder, é que o filme fica um saco.

A pegada comédia romântica saí e entra o, teoricamente, triller erótico. É quando vemos os maiores pontos falhos. Foi só impressão minha, ou os atores principais Dakota Johnson e Jamie Dornan pareciam tensos, ou, até com vergonha? (Alguém viu ambos extremamente constrangidos nas entrevistas de divulgação?)

Dakota, pelo menos, é realmente feinha e sem graça. Branquinha demais, pequenininha demais, com peito e bunda de menos... De fato ela poderia ser uma virgem bv com 21 anos mesmo! 

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Não podia ser um cara mais gostosão?

Achei graça do Dornan. O Christian é um cara bonitão, gostosão. Não entendo de beleza masculina, mas o Jamie não preenche tão bem esses requisitos. Minha esposa que estava na tortura, opa, quer dizer, no cinema comigo achou o irmão do Grey mais interessante. Aliás, ela achou o José mais interessante, o cara que trabalhava na loja da Anastacia mais interessante...

Minha sessão tinha, sei lá, 852 mulheres assistindo. Elas "uivaram" quando o Grey disse que queria foder, quando ele tirou a camisa, quando ele mostrou a coleção de carros (porque uivaram nessa parte?), mas na hora em que apareceu a bundinha murcha do cara, silêncio absoluto. Talvez se fosse o Charlie Hunnam, primeiro a ser cogitado para fazer o Grey, a coisa (ou a bundinha) seria melhor.

Aliás, que filme erótico mais pudico. Nenhum nu frontal (teve nu "lateral", dela, em momentos bem rápidos). O pinto do Dornan? Um centímetro dele, num microssegundo. Bundas? Da Dakota umas 676 vezes. Do Jamie, umas três. Para quem era voltado o filme mesmo?

O quarto vermelho apareceu umas três vezes e as poucas cenas de imitação de sadomasoquismo (chamar aquelas brincadeirinhas do livro/filme de BSDM é exagero) foram em câmera lenta para dar uma amenizada. Ah, e com uma trilha sonora de zona de periferia ao fundo para "dar um clima".

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Z...z...Z...z..Z... 50 minutos de sono...

Última meia hora do filme é de dar sono. Indico a quem sofre de insônia.

Nós homens estamos maus, pois nossas namoradas, esposas, tias e mães estão se excitando com qualquer coisa. 50 Tons deixa como moral da estória que os homens têm de melhorar muito seu desempenho erótico sensual.

Crítica técnica

Seriamente agora. Ótima fotografia, em tons de cinza, claro. Som bom. Roteiro razoavelmente bem explorado dentro das limitações que listamos acima. Jamie Dornan bem em um papel que não possuía profundidade. Dakota também se saiu bem, especialmente (e quem leu o livro há de concordar comigo) porque deu um ar mais sarcástico e senhora de si à sua Anastacia Steele.

Os pontos falhos foram a edição e seus buracos de tempo, o pouco aproveitamento do restante do elenco, o tom sussurrado de voz da Johnson e a trama arrastada do meio para o fim do filme dando-lhe um ar chato e cansativo.

Houve pressa onde devia haver esmiúce (especialmente na dúvida de Steele em aceitar ou não o modo de vida de Grey) e houve lerdeza onde devia haver dinamismo. A diretora falhou em ter nos mostrado algumas incongruências fatais. Grey é um cara duro, quase sem coração. No filme, o personagem que não se diz romântico, anda de mãozinhas dadas, salva a donzela bêbada, toca piano para a amada...

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Frio ou quente Sr.Grey?

O espaço de tempo e as resoluções que não se cumprem foram irritantes. Num take Grey diz que não pode manter o relacionamento com Steele por ele achar que não é homem para ela. Dois takes depois, contudo, ele a "salva" de sua bebedeira e a bota em sua cama. Em outra cena Anastacia dispensa Grey. Em seguida o bonitão entra na casa da jovem e ela, toda lânguida, permite que ele a amarre com sua gravata e faça sexo oral nela.

Christian e Anastacia brigam na casa dos pais do empresário. Logo o filme dá um pulo e eles já aparecem no quarto branco onde ela super curte estar amarrada por correntes. No take seguinte ele a chicota e ela vai embora toda ofendida. Como assim? De novo. Quem leu o livro percebem um pulo de umas 70 páginas aí. Em suma. Taylor-Johnson foi ótima nos primeiros 15 minutos do filme, e terrível no restante seguinte. O saldo é negativo. Como leitor me surpreendi pelas fãs terem saído satisfeitas do cinema.

50 Tons de Cinza é um filme de entretenimento, feito para as mulheres, especialmente para quem leu o livro. E se trata de uma história diferente de amor, com pitadas de sexo,  roteiro este desconhecido pela maioria das mulheres/leitoras/espectadoras comuns. 

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