quinta-feira, 15 de setembro de 2016

CRÍTICA DO FILME 'DESCULPE O TRANSTORNO'

Filmes com o elenco do super sucesso 'Porta dos Fundos' sempre é um chamariz de curiosidade e - por consequência - público. Mas será que 'Desculpe o Transtorno', protagonizado por Gregório Duvivier, vale a expectativa? Confira nossas impressões abaixo.

Por Sandro Bahiense

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Porta da frente
Humor simples do 'Porta' abre espaço para produções maduras no cinema

Esquetes rápidas, humor ácido, politicamente incorreto e razoavelmente simples. É difícil achar alguém no Brasil que ainda não tenha visto pelo menos um vídeo do mega sucesso 'Porta dos Fundos'. Se figuras como Fábio Porchat, Gregório Duvivier e Marcos Veras já eram conhecidos pelo grande público, outras como Julia Rabello, Clarice Falcão, Rafael Infante e Luis Lobianco, não. Todos, com os vídeos, foram alçados ao posto de celebridade. Com isso não foi surpresa desembocarem no cinema.

Ao contrário do esperado, contudo, a trupe pôde usufruir de seu sucesso e, na telona, fugir dos arquétipos típicos do grupo. Após um ou outro filme de humor mais simples, a galera do 'Porta' se permitiu sofisticar. Vieram 'Entre abelhas' (com Porchat como protagonista e Ian SBF como diretor - Ian também é o diretor geral do 'Porta') e agora 'Desculpe o transtorno'.

Com Gregório Duvivier como protagonista, 'Desculpe' fala acerca da vida de Eduardo, jovem paulista que trabalha numa empresa de patentes e está prestes a se casar com Viviane, uma mulher com a qual nutre uma relação fria. A morte da mãe de Eduardo, porém, vira sua vida de pernas para o ar, e ele acaba adquirindo um alter ego, Duca, um porra louca que só quer saber de curtir a vida no calor do Rio de Janeiro. Na cidade praiana Duca conhece Bárbara e se apaixona por ela. Com isso, Eduardo e Duca acabam dividindo o mesmo corpo aproveitando tempos distintos da vida do rapaz com seus amigos e respectivas amadas.

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O filme é extremamente maduro e de uma singeleza comovente. Se não se vale pela originalidade, ganha pontos por ser um nacional que não trata seu público como bobo. Não há didatismos, e nem piadas fáceis e simplórias. Ainda assim a trama te faz rir, pensar e se emocionar.

Duvivier domina a dupla de personagens com enorme maestria e é possível saber quando é Eduardo e quando é Duca só por seu olhar. A química dele com Clarice é impressionante, e ajuda a moça a construir um personagem que vai do mais simplório humor a mais refinada - e triste - reflexão acerca de si. O restante do elenco (que tem participação especial de Rabello e Veras - ex-'Portas') contribui para o ritmo dispare do filme, ora comédia romântica, ora somente comédia, ora drama reflexivo. Na parte cômica, destaque para Rafael Infante que faz boa tabelinha com Gregório (uma cena envolvendo as gêmeas Ruth e Raquel da novela 'Mulheres de Areia' é impagável!). No drama, Clarice domina o filme (seus olhos grandes e expressivos "falam" por ela).

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Apesar do tema inusitado e da forma pouco convencional (que bom!) de se fazer humor, 'Desculpe' é um filme leve, que te fará sair da sala de cinema satisfeito e renovado. Que a turma do 'Porta' continue inovando no cinema, pois o resultado tem sido altamente positivo.

Saí do cinema com a pulga atrás da orelha: Será que todos nós somos mais de um? Quantas personalidades temos presas dentro da gente? Tomara que a minha seja um Duca!