quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

CRÍTICA DO FILME 'O VENDEDOR DE SONHOS'

Obra adaptada do best seller homônimo de Augusto Cury, 'O vendedor de sonhos' chegou nesta semana aos cinemas e fomos lá conferir. Confira, abaixo, uma crítica não especializada do filme e tire suas conclusões: Afinal, vale a pena ou não passar 93 minutos na sala de cinema em companhia de Mestre, Dr. Júlio e Boca de Mel?

Por Sandro Bahiense

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Um festival de clichês
Roteiro e direção falham e filme mostra-se superficial e óbvio

Um homem quer pular do 21.º andar de um luxuoso prédio. Debaixo, e em meio a uma multidão, um mendigo o vê e decide ajudá-lo. Ele entra no edifício sem ser abordado por ninguém. Vai até a sacada, sai, e se depara com o suicida. Somente depois, que um policial e um psicólogo percebem a ação do tal mendigo. O interpelam. O transeunte os rebate dizendo para "deixar com ele". Os dois dão de ombros e saem.  Situações absurdamente inverossímeis como essa são a tônica de 'O vendedor de sonhos' que, ao respondermos a pergunta da abertura da matéria, só deve ser assistido por fãs de Augusto Cury!

Bem, eu já li o livro. 'O vendedor...' é cheio dessas situações improváveis e deve ser tratado como uma espécie de fábula urbana ou algo do tipo. No cinema, contudo, vender essa ideia da mesma forma é meio estranho. A adaptação do roteiro é terrivelmente falha. L G Bayão praticamente reescreve o que está no livro literalmente, descartando o fato de que literatura e cinema são tipos distintos de arte. Não bastasse, o diretor Jayme Monjardim filma tudo de forma pobre, convencional, como se uma novela fosse. Isso faz com que a história fique o tempo todo rasa, banal e difícil de edificar (o que acredito que era o objetivo mór dos produtores).

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Adaptar um livro ruim para o cinema realmente é uma tarefa hercúlea ('50 tons de cinza' que o diga), mas o fato é que fica difícil emocionar alguém com frases como "você não traiu a mim, e sim a si mesmo" ou "o segredo do sucesso é conquistar aquilo que não se pode comprar" e similares, logo a atuação do roteiro mostra-se decisiva na tarefa de enriquecer a coisa, seja acrescentando, seja retirando partes do original. Isso não ocorre, pelo contrário. 'O vendedor...' parece uma sucessão de banners de auto ajuda do Facebook posto um atrás do outro o que incomoda profundamente.

A má atuação do roteiro de Bayão traz algumas situações esquisitas. O mendigo (que vira 'Mestre' em pouco mais de 5 minutos de filme) salva o psicólogo renomado. O doutor (Dan Stulbach, sofrível e caricato), de terno e gravata, dorme na rua, ao lado do Mestre (César Trancoso, esforçado), do pupilo do Mestre (Boca de Mel - Thiago Mendonça, dispensável) e de mais uns vinte moradores de rua. Ninguém o incomoda, ou o questiona. O mais legal: Todos os mendigos são até bem vestidos, bem barbeados e ninguém bebe ou usa droga. A rua ao redor da "moradia" dos mendigos é limpinha, limpinha. Queria morar neste Brasil de Monjardim e Bayão... 

Mais. Júlio, então, passa a viver com o Mestre e o segue piamente (ok, salvar sua vida é algo espetacular, mas...). O ex mendigo passa a fazer sucesso no Youtube dado a discursos cheios de moral da história que acabaram filmados e postos na rede, mas o legal é que não vemos nenhum desses discursos - e tampouco suas motivações - acontecerem. Apesar de uma explicação óbvia para a desilusão do mendigo, pouco se diz dos porquês dele ter parado naquela situação. O vendedor de sonhos vende tudo, menos sonhos havemos de convir. E por último: Será que um boneco resiste intacto a uma grande explosão???

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Além destes sem número de barbaridades, o discurso - que deveria ser o ponto alto do filme - é absurdamente bobo, risível diria. Em dado momento da trama o Mestre é questionado e posto contra a parede. Seu discurso de redenção beira o ridículo por não dizer nada com nada, mesmo amparado por uma gama gigante de clichês. 

Tecnicamente a coisa não ajuda. Hão muitos planos de São Paulo (de dia, de tarde, de noite, de madrugada...) - o governo de São Paulo é uma dos patrocinadores do filme - a fotografia é apenas razoável e a trilha sonora segue o baixo padrão criativo da coisa (melosa quando a cena pede choro, redentora quando retratava um "conselho" do mestre e assim por diante).

O filme é indicado para quem manda correntes ou orações via Facebook, se emociona com reportagens do Geraldo Luis ou do Gugu ou, claro, for fã dos livros do Augusto Cury. Se você não for nenhum desses, não aconselho gastar seu rico dinheirinho com esse filme.

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"Ame, amar, pois só o amor remove montanha e traz, para si mesmo, o que há de melhor em você..."

2 comentários:

  1. Concordo com tudo q vc disse. O filme é fraco mesmo. Os diretores de novelas mexicanas fazem melhor.ha muitas falhas. A mais tosca é a cena q o personagem tenta se jogar do sétimo andar e nos dislogos dizem q é o vigésimo primeiro.
    Que diretor imbecil!
    Sonoplastia deficiente, efeitos zero, personagens sem vida, diálogos fracos e ensinamentos razos. Conclusão: Perdi meu tempo!

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  2. o que eu não gostei do filme,é que ele incentiva o roubo,no começo do filme o mestre rouba um sanduíche,depois o mendigo rouba biscoitos de um velório,depois uma criança rouba uma bolsa,o mestre pega a criança e faz ela devolver a bolsa e a dona da bolsa ainda dar um dinheiro para a criança,em nenhum momento o roubo é criticado no filme,outra crítica é a ineficiência da polícia e do corpo de bombeiros que deixa um estranho entrar e sair de um prédio e não faz nada para impedir,o corpo de bombeiros deveria levar o Julio César internado,mas não o faz,o Julio César desce 21 andares sem ser incomodado por ninguém

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